Instalada a Comissão de Acompanhamento dos Restaurantes Universitários; 1ª reunião debate desafios e define ações

A recém-instituída Comissão Permanente de Acompanhamento dos Restaurantes Universitários (RUs) da Ufes realizou sua primeira reunião na última terça-feira, 14 de outubro. O encontro, que marcou a instalação oficial do grupo, serviu para apresentar o novo modelo de governança do contrato, debater as ocorrências registradas no primeiro mês de operação da nova empresa e traçar um plano de ação para a melhoria contínua dos serviços.

A comissão foi oficialmente criada pela Portaria Normativa nº 12, de 13 de outubro de 2025 , com o objetivo de instituir um mecanismo de fiscalização social tripartite, garantindo a qualidade e a segurança alimentar nos RUs. O grupo tem caráter consultivo e propositivo e é composto por representantes da Pró-Reitoria de Políticas de Assistência Estudantil (Propaes), do segmento estudantil e da empresa contratada, Soluções Serviços Terceirizados LTDA.

A reunião de instalação foi aberta por Iury da Silva Pessôa, Diretor de Gestão de Restaurantes e presidente da comissão, que estabeleceu que os futuros encontros ocorrerão de forma virtual para assegurar a participação dos representantes de todos os campi. Gustavo Teixeira Cardoso, representante da Reitoria, destacou o acompanhamento próximo da administração central e descreveu o processo como um "trabalho de monitoramento, de acompanhamento e também de cobrança de ações por parte da empresa".

Novo Modelo de Governança e Fiscalização

Durante a reunião, Iury da Silva Pessôa detalhou a nova estrutura hierárquica para a gestão do contrato, que inclui uma Comissão de Gestão (nível estratégico), uma Equipe de Fiscalização Técnica (nível tático) e Câmaras de Fiscalização Locais em cada campus (nível operacional).

Um ponto central do novo modelo é o Índice de Medição de Resultados (IMR), um mecanismo que atrela o pagamento da empresa à qualidade do serviço prestado. Com o IMR, o valor pago pode variar entre 90% e 100% do total faturado, incentivando o cumprimento rigoroso das cláusulas contratuais. Foi reforçado que o painel de gestão do contrato é um documento público e seu acesso será divulgado à comunidade universitária.

Desafios Iniciais e Ações Corretivas

A equipe de fiscalização e os estudantes presentes expuseram as principais ocorrências do primeiro mês. Carmen Rosa da Cunha, Coordenadora de Nutrição, descreveu a rotina intensiva de fiscalização, que inclui a prova da refeição antes da distribuição, pesagem das porções de proteína, aferição de temperatura e fiscalização contínua em todas as áreas da cozinha.

Ewelyn Noemy Gonzalez, representante da empresa Soluções, reconheceu os desafios e apresentou as medidas corretivas:

  • Quadro de Pessoal: A principal dificuldade foi o quadro de funcionários incompleto no início do período letivo. Após mutirões de emprego, a equipe está agora 95% completa.
  • Adaptação do Cardápio: Devido a limitações de equipamentos, como fornos, a empresa, em acordo com a fiscalização, optou por simplificar o cardápio temporariamente para garantir a qualidade do básico.
  • Padronização do Sabor: A contratação de uma chefe de cozinha itinerante para treinar as equipes foi uma ação elogiada para padronizar o sabor e os processos.
  • Pagamento Online: Está em desenvolvimento um sistema de pagamento via PIX/online para reduzir as filas nos caixas físicos.

Demandas Estudantis e Encaminhamentos

Fernando Gante, representante do DCE, levantou a preocupação dos estudantes com as condições de trabalho dos funcionários da empresa e criticou a superlotação no RU durante o evento "UFES de Portas Abertas".

Sobre a fiscalização das condições de trabalho, a gestão esclareceu que o atual contrato, focado na entrega do serviço (refeição), não concede à universidade a prerrogativa legal para auditar as relações trabalhistas internas da empresa. A representante da Soluções afirmou que a empresa segue a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) e possui programas de incentivo por assiduidade.

Para lidar com a superlotação e a alta demanda — que, segundo a empresa, aumentou de 30% a 40% em relação ao contrato anterior —, foram discutidas as seguintes soluções:

  • Aumento do Preço para Visitantes: A resolução de preços será revisada para aumentar o valor da refeição para o público externo. Iury Pessôa explicou que a medida funciona como um "regulador de demanda", garantindo que o subsídio público seja exclusivo para os estudantes e citou um acórdão do TCU que veda o uso de recursos para subsidiar refeições de não-estudantes.
  • Autonomia do Campus de Maruípe: A empresa estuda um plano de contingência para instalar um forno combinado em Maruípe, o que daria autonomia parcial ao campus em situações de emergência.
  • Uso do "RUzinho": O salão menor do campus de Goiabeiras não pode ser utilizado no momento devido à falta de um sistema de contagem de refeições e à necessidade de reformas estruturais, planejadas para o recesso de fim de ano.

Ao final da reunião, foi confirmado que o sistema PagUFES será descontinuado e os estudantes com saldo poderão solicitar o ressarcimento. A comissão se reunirá periodicamente para dar continuidade ao trabalho de acompanhamento e mediação.

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